As "estimativas" apontam para uma necessidade "eventual" de cerca de 500 doentes a precisarem de ventilação este semestre, na minha "zona" em consequência da gripe A.
A minha "zona" ventila menos de 100 doentes nesse período, habitualmente, no máximo da sua capacidade.
Se o vírus mutar, e se tornar mais letal.
Além de se continuar com a necessidade imposta de putativos "isolamentos", nas Urgências por este país fora, por imperativo da insana DGS e dos seus experts epidemiológicos de pacotilha, agora fazem-se "planos de contingência" para um eventual desastre biológico, de acordo com números vindos sabe-se lá de onde.
Tudo normal, não fosse continuar-se no registo da insanidade previamente referida.
Planeia-se encerrar enfermarias, suspender cirurgias para disponibilizar ventiladores nos blocos operatórios, suspender férias dos profissionais de saúde (a minoria que ainda não as terá gozado), vocacionar médicos para Cuidados Intensivos de uma forma apressada (o Intensivista "express"), enfim, uma série de coisas que estou certo transmitem à sociedade a sensação de se estar a trabalhar muito e bem em prol das putativas eventualidades dramáticas que não se hão de verificar, pelo menos para além dos arquivos do ministério da Saúde.
Claro que o problema, aquele de que ninguém fala, é que os Invernos cá pelo burgo já excedem em muito, e há muitos anos, as capacidades de resposta dos profissionais e dos insuficientes recursos físicos de que dispomos.
Os doentes já morrem habitualmente como tordos nesse período, desde sempre, com a gripe sazonal e as descompensações de patologias habituais da época.
Não há vagas nas enfermarias, não há médicos que cheguem, não há Serviço de Urgência que aguente, improvisam-se camas e macas em neo-acampamentos ciganos nos recantos desocupados dos hospitais.... Desde sempre, todos os anos, sem excepções.
Por isso dão-me vontade de rir quando me falam agora da súbita preocupação com a "eventual" razia pandémica, os mesmos que nunca se preocuparam com a endémica razia da época, por sua vez regular, previsível e mais facilmente (mas não facilmente) corrigível.
Então, pergunta-me o leitor desconhecedor destas realidades, incrédulo: "o que raio propõe o "blogueiro" que se faça perante este putativo cenário? Nada?"
Nada!
É esperar, ver, e se se verificar o pior dos cenários, aceitar a evidência que nenhuma hipócrita boa-vontade política do momento (eleitoral) conseguirá corrigir em meia dúzia de semanas o que se vem descurando há largos anos.
E o pior dos cenários vai ser mesmo a morte, como tordos, como habitualmente, só que em maior (muito maior?) quantidade.
Mas não se preocupem, isto é tudo muito, muito putativo, e o mais certo é não se passar do alarmismo, alimentado por meia dúzia de representativos epidemiologistas de nomeação política (George à cabeça) que, ao invés de políticas de saúde, estão sobretudo interessados em promover notícias de saúde que tragam votos aos partidos que lhes deram "tacho".
Ainda no pico de Verão, e a paciência já vai tão longe....
1 comentário:
É verdade, a paciência vai longe... Sabes que nos sentimos sempre melhor quando dizemos "mata" e o nosso próximo diz "esfola". Por isso, podes ir ler-me para te acalmares! Abraço.
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