sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Como iniciar-se no e-Cig...


Caros leitores, é este post de utilidade pública, já que eu senti necessidade de ter a informação que a seguir tento debitar nestas linhas, e tive sempre muita dificuldade em encontrá-la e filtrá-la.

Claro que quem tem lojas com bom atendimento por perto pode sempre a elas recorrer, e salvo excepções, acaba sempre por ser uma melhor opção. Mas desde que se leve o tempo que for preciso a dissecar as várias partes dos aparelhos, e a informar-se da manutenção dos mesmos. Ou seja, é preciso paciência do vendedor.

Porque, não tenhamos ilusões, estes dispositivos são excelentes, mas ISTO NÃO É FUMAR!! Isto é inalar nicotina, e compensa a privação que se teria não os usando. Um pouco como as pastilhas que se vendem já há muito tempo, para mastigar ou colocar em pensos transdérmicos.

Ou seja, é inútil procurar nestas coisas algum sabor semelhante. Apenas tranquilidade quando a vontade aperta (e prevenção dos apertos).
Da mesma forma, convém manter as rotinas: se saía para fumar, saia-se para inalar a nicotina. Se se acompanhavam amigos na rua para um dedo de conversa numa pausa tabágica, mantenha-se o ritual, só que com os vapores em vez dos fumos. Porque isso é importante.

Por outro lado, um cigarro é prático. É pequeno, leve, acende-se, gasta-se, e é descartável. Barato já foi (e ostracizado, cada vez mais). E aí entra o maior problema que acaba por representar o e-Cig: é pesadão, e é muito mais complicado, implicando uma certa adaptação até se conseguir plena satisfação, e uma manutenção permanente que só se torna fácil após um período inicial de "estágio". Ele são os nomes das várias peças (cartomizers, atomizers, coils, isto e aquilo...), ele é o material que temos que transportar para trás e para a frente de cada vez que saímos de casa, ele são as baterias e a sua semi-vida, e do próprio líquido, ele são as peças necessárias de reserva para quando alguma se avaria. Porque, não nos iludamos, no dia em que o e-Cig deixa de estar operacional, é o mesmíssimo dia em que vamos a correr comprar tabaco no local mais próximo. Porque a adição de nicotina continua intacta.

Assim, para os principiantes, aqui vai: isto são dispositivos que transformam um líquido nicotinado (com vários sabores e concentrações de nicotina disponíveis, para todos os gostos) em vapor nicotinado, que se inala. Desta forma temos rapidamente níveis adequados no sangue de nicotina (por via inalada), o que permite substituir a combustão do tabaco e o seu fumo para o mesmo fim.

Malefícios? Não se sabe. Benefícios são evitar os malefícios bem conhecidos do fumo.
Porque ISTO NÃO É FUMO! Isto é vapor, e não é detectado nos detectores de fumo (mesmo nos vôos que proíbem estes dispositivos, pode-se vaporizar à vontade nas casas de banho, porque não é detectado nem deixa cheiro). A nicotina é responsável pela dependência tabágica (é a "parte boa"), e não pela esmagadora maioria dos malefícios, que advêm do fumo. Por isso o facto dos e-Cigs terem nicotina só permitem que se deixe o fumo (mantendo, claro está, a dependência à nicotina...). Se algum dos outros componentes dos e-liquids (os líquidos que se metem nos e-Cigs) faz mal, não se sabe. Não sendo difícil de aceitar que, mesmo que façam mal (e NÃO SE SABE se fazem!!), farão seguramente menos mal que os conhecidos males da combustão do tabaco.
Que se respira melhor respira-se, o mau hálito e a tosse desaparecem, e as finanças domésticas ressentem-se, pela positiva (cerca de 75% de poupança no vício, com rapidíssima recuperação do investimento inicial que é necessário fazer). Com outro pormaior: passamos a ser requisitados para vaporizar junto das pessoas, pelo bom cheiro que geralmente passamos a emitir. E, até prova em contrário, isso deveria bastar a qualquer humanóide com QI acima de cretino para recomendar vivamente o uso destes dispositivos, mas enfim, temos as sociedades de pneumologia que temos....

Voltando então ao tema de "manual de utilizador", os e-Cigs são compostos por uma fonte de energia (os Mod's), que podem ser de ligar à corrente directamente com bateria incorporada, tipo telemóveis, ou levar pilhas recarregáveis (muito diferentes das que usamos correntemente, e próprias para este tipo de aparelhos), sendo necessário neste caso comprar um carregador de pilhas.
É daí que vem a energia que vai permitir vaporizar o e-liquid nicotinado, e ao contrário do que acontecia nos primórdios destes aparelhos, têm hoje em dia uma durabilidade excelente, dispensando andar-se com a parafernália de carregadores sempre atrás de nós.
Há vários modelos e preços, para todos os gostos e carteiras, com madeiras, meramente metálicos, mais ou menos artísticos, com maior ou menor tamanho. É sempre a parte mais visível do e-Cig, e geralmente a mais pesada. Os melhores permitem aplicar-se vários níveis de voltagem, o que vai traduzir-se em maior ou menor quantidade de vapor produzido (e maior ou menor satisfação, para cada momento do dia: mais voltagem de manhã para "repor níveis", reduzindo-se ao longo do dia, por exemplo).

Resolvida a questão da fonte de energia, resta obter a parte onde se mete o e-liquid, e onde este é vaporizado. Há vários nomes para essa parte, deste atomizadores (atomizers), cartomizadores (cartomizers), ou simplesmente "tanques" (o meu preferido). Há detalhes que podem levar à variação das várias designações, mas no fundo essa parte é sempre constituída por um recipiente para o e-liquid (com maior ou menor volume), e uma parte (uma mecha) que aquece e vaporiza esse mesmo líquido (e que se designa por "coil"). Essa parte (o coil, não o tanque todo) é descartável, e de tempos a tempos, conforme o uso, tem que ser substituída (porque vai "queimando"). Há quem goste de construir os seus próprios coils, e vários dispositivos trazem mechas à parte (com chavinha de fendas, parafusos, etc...). As mechas podem também ter vários tamanhos. Eu cá prefiro e recomendo, pelo menos para uma fase inicial, comprar esses coils à parte, e ir substituindo (cada um dura cerca de um mês, e são muito baratos: ~1-2 euros cada). Há também tanques totalmente descartáveis.
Os tanques, tal como os Mod's, têm várias nuances uns para os outros, feitios assim ou assado, de vidro, de cerâmica, opacos ou transparentes, com cores, etc.... Na prática, interessa o tamanho (os mais pequenos levam ~1,5mL de e-liquid, os maiores levam mais que 5mL) e o tipo de manutenção do seu coil (se são descartáveis, deve-se ter sempre uma pequena reserva). Quem não gosta de andar com a bisnaga do e-liquid atrás compra um tanque grande (e carrega-o uma vez por dia, por exemplo), e quem prefere ter um dispositivo discreto preferirá um pequeno (e ir carregando-o várias vezes ao longo do dia, à medida que se vai gastando).

Ter em atenção que há que assegurar-se que o tanque enrosca no Mod (pois esses dispositivos são todos desmontáveis), pois apesar das medidas serem mais ou menos universais, podem ser precisos adaptadores, e em geral mais vale comprar logo peças que se adaptem adequadamente umas às outras, do que depois andar com rosquinhas intermédias para encaixar as coisas.
Pode ser preferível, numa fase inicial, comprar um "starter kit", mas rapidamente se quer passar para as coisas mais "profissionais".

Finalmente o sumo da coisa: o e-liquid. Aviso já para não se estar muito fixado na tentação inicial de se comprar líquidos com "sabor a tabaco". Porque isso é sabor a fumo, e não é disso que nós, fumadores, gostamos (ainda que não nos apercebamos disso quando fumamos). E menos ainda esperar que o vapor nicotinado, independentemente do sabor, tenha qualquer parecença com fumo (porque não tem!). Mais vale ir-se para sabores bem aromáticos (tipo cheiros de cachimbo e tabaco: mas sublinhando que os sabores NÃO SERÃO parecidos). Os meu preferidos são baunilhados, mas cada qual terá depois o seu gosto, e os sabores variam desde o mentol, passando por todas as frutas (e tudo o mais que se possa imaginar), sendo depois uma questão de experimentar (e para isso, mais vale ir a uma loja onde geralmente existem "secções de prova").
O segundo aspecto dos e-liquids, além dessa questão do sabor, é o da concentração de nicotina. Quanto menor a concentração de nicotina no líquido, mais inalações serão necessárias para se atingir uma determina concentração no sangue (Química básica...). Por isso recomendo, aos grandes fumadores, de começar logo com as concentrações máximas. Quem depois estiver interessado em ir abandonando a dependência de nicotina pode, calmamente ao longo dos meses, ir reduzindo a concentração de nicotina do seu e-liquid preferido.

Um site excelente, com os produtos topo de gama (para os potenciais consumidores que não gostam de sair de casa, ou que não têm lojas por perto), é o http://www.bargainvapour.com. Outros haverá, mas a minha experiência leva-me a recomendar esse, do qual não deverão ter razões de queixa (pois até já tive uma questiúncula com uma troca de produtos, que resolveram rapidamente enviando-me prontamente o produto certo, sem questionar nem exigir prévia devolução daquele que tinham enviado por engano).


E pronto, espero que isto tenha alguma utilidade.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Pneumofascistas


Os pneumologistas em geral, e promotores da saúde pública em geral, e cidadãos lascivo-passivo-compulsivos, metem-me nojo.
Isso tira-me o discernimento que seria desejável na escrita sobre um tema, mas é a realidade, e terei que o conseguir com alguma qualidade apesar disso

E o tema é o cigarro electrónico, ou e-cig, e a legislação que muitos anseiam por vomitar para cima de todos os seus utilizadores.

Em primeiro lugar, a declaração de conflito de interesse: sou nesta altura adepto confesso do método.

Porque nunca me apeteceu parar de me "nicotinar", acabei por optar por esta alternativa à combustão de tabaco para atingir o mesmo efeito. O "bom" efeito, da nicotina, no meu humor e bem estar, que nenhuma droga por mim experimentada compensava (não fui experimentar, bem se veja, as mais "pesadas" e/ou ilícitas da praça...).

Agora a ciência e a experiência:
-Os métodos actuais, diferentes dos de há cerca de 4 anos quando experimentei pela primeira vez, são altamente satisfatórios. Produzem apreciável quantidade de vapor, e permitem a inalação de uma boa quantidade de nicotina, que desta forma entra em circulação de forma rápida. Mais rápida que uma pastilha mastigada, ou que um penso de libertação prolongada. E, sobretudo: "on demand", ou seja, sempre que me apetece, e enquanto me apetece.
-Além da qualidade da vaporização do líquido nicotinado, o conforto na exigência dos "recarregamentos" com o líquido melhorou incrivelmente. Ainda sou do tempo em que se molhava uma esponja, tendo que se repetir o acto várias vezes por dia (sempre que ela começava a ficar sêca, deixando um sabor desagradável na boca), ou alternativamente andar com n recargas, que ao final do dia se tinham que embeber todas ao mesmo tempo. Uma espécie de javardice, e que consumia tempo. Agora, há uns depósitos grandes de líquido que simplesmente se preenchem, rápida e higienicamente, sempre que se gastam (e demoram muito mais a gastar-se, mesmo com a maior quantidade de vapor produzida). Ou seja, dura mais, e quando acaba é fácil de repôr.
-Por fim, a autonomia das baterias/pilhas recarregáveis melhorou imenso, e já não é necessário andar com carregadores atrás de nós para ligar às tomadas no emprego. Basta recarregar as baterias de noite, e ao acordar há energia para o dia todo, à vontade.
-Já agora de referir em jeito de nota que, coroando o sucesso desta indústria em franca expansão e em acelerado desenvolvimento, o surgimento finalmente de modelos não-aparentados a cigarros e cachimbos. O ridículo daquelas coisas de plástico que acendiam uma luz de cada vez que se inalava só tinha paralelismo com o argumentário desta fauna que hoje clama pela proibição da coisa. Hoje em dia há modelos esteticamente bonitos, que nada têm a ver com os seus antepassados combustíveis.

Quanto à saúde, e tal como esses cretinos todos que falam como se alguma razão tivessem: não faço ideia dos efeitos eventualmente nefastos da coisa. Existe nicotina, que era o menor dos males do tabaco, apenas conhecida porque era a parte "boa" do tabaco, que fazia com que ninguém quisesse largar o vício. E existem outras substâncias, cujo efeito na saúde a prazo se desconhecem. Tal como da maioria das coisas que inalamos no dia-a-dia. Ou seja, dito de outra forma: tanto quanto se sabe, não faz mal a nada.

O que não se desconhece são os efeitos da combustão do tabaco: provoca doenças respiratórias, oncológicas e cardio-vasculares.
Será que andaríamos a discutir os efeitos nefastos a prazo de uma certa pastilha elástica se dela uma grande parte de fumadores dependessem para deixar de fumar? Será que se pensaria em taxar a pastilha elástica, ou em proibir o seu uso em locais públicos?
Ou será que ninguém quer mesmo usar os neurónios, para concluir que nem tudo o que fumega é fumo? Que nem tudo o que tem nicotina faz cancro e outras doenças? Ou andaram a vender pastilhas nicotinadas venenosas durante anos sem nada dizerem?

O argumentário menos patético, mas ainda assim muito, muito patético, prende-se com algo digno de uma milícia de costumes, e reza mais ou menos assim: pois se se demorou tanto a excluir da cena pública o acto de fumar, não se deve, porque dá mau exemplo "aos jovens" (esses bovinos...), permitir algo "parecido". Por parecido, entenda-se, algo que não tem parecença nenhuma, com a excepção factual de conter nicotina. E de fazer vapor, que se parece com fumo....

Mas que não provoca, que se saiba, qualquer doença (nem ao próprio, e muito menos a terceiros). Nem incómodo (porque não tem cheiro, e nem sequer dá uma irritaçãozinha que seja aos olhos ou a outro sentido mais sensível dos puritanos). Nem... nada que não seja este revoltar de entranhas a todos os proto-fascistas que durante anos quiseram, e conseguiram, banir das suas vistas aqueles que de qualquer forma nunca quiseram as suas companhias. Mas baniram das suas vistas, e limitaram a nossa liberdade até (para já) os limites das nossas propriedades.

Eu cá sinto-me bem, porque em primeiro lugar não sinto a falta do tabaco (facto primordial!), mas também porque o hálito melhorou, os cheiros à minha volta melhoraram (na casa, no carro, na roupa), e até poderia jurar que quase me apetece começar a jogar futebol com os meus filhos. E, claro, gasto menos de 25% do que gastava com tabaco.

Enfim, sinais dos tempos. Eu dir-lhes-ia a todos para enfiar um dedo no cu e esperar que passe, mas infelizmente são bem capazes, apesar da qualidade do argumentário, de conseguir mais uma vez interferir com a minha liberdade individual. E isso enoja-me.

O engraçado é que, provavelmente, este é um método que é mesmo capaz de ser revolucionário na sua capacidade para acabar com o vício do tabaco (substituindo-o por nicotina vaporizada). E que, provavelmente, é infinitamente menos nocivo para a saúde dos utilizadores do que era o tabaco, se é que será de todo nocivo.
Ou seja, os proto-fascistas, entre os quais alguns pneumologistas, "colegas" meus que supostamente se regem por critérios científicos antes de emitirem opiniões (mas que, bem se vê, não hesitam em remeter-se ao obscurantismo do bitaite sempre que solicitados), são bem capazes, caso essa campanha surta efeito, de fazer com que milhares voltem ao tabaco fumado, contribuindo dessa forma para a perpetuação da incidência de todas essas doenças que eles, benevolamente, sugerem repetidamente querer erradicar.

Uma cambada de palhaços, é o que são! Vamos a ver se existe alguma racionalidade no acto de legislar. Ou seja: a esperança não será muita nesta fase.

O que levanta umas poucas de questões: há mesmo interesse em que diminua o número de fumadores? O aumento de preços destina-se a desincentivar, ou a amealhar? Haverá consultas de cessação tabágica a precisar de doentes? E consultas de outras doenças pulmonares que não podem ficar vazias, ou menos povoadas? E Manéis cujo protagonismo mediático se arrisca a ficar esvaziado, por ausência de velhos problemas?

Questões....

terça-feira, 22 de abril de 2014

E se?


E se este país estivesse mesmo a viver acima das suas possibilidades?

E se os nossos salários e pensões estivessem realmente acima daquilo que a nossa pobreza permite? E os anos passados mais não fossem do que dar-se o que nunca se teve ao povinho, a troco de uns votos, ao invés da governança a prazo deste rectângulo?

E se este governo estivesse a ser devidamente manietado por uma troika, genuinamente surpreendida pela nossa incapacidade em fazer contas ao longo das últimas décadas?

E se os nossos padrões de vida se regessem mesmo pelos existentes pré-adesão à UE (CEE à data), tendo-nos sido fornecidos entretanto meios que não usamos para desenvolver estruturas que levem a uma maior riqueza do país, antes desperdiçando-os graças ao nosso endémico chico-espertismo, cuja inexistência só por má fé poderemos sequer admitir?

E se as melhorias dos padrões de ensino se resumiram a carradas de sociólogos e outros Drs ólogos que tal, cuja utilidade para se produzir o que quer que seja medível em PIB se aproxima do nulo, limitando-se a travestir os bons números de "sucesso escolar"?

E se as próximas gerações vão mesmo ter que pagar caro pelas reformas e salários que não se podiam conceder nos valores em que foram concedidos, nem nas alturas em que foram permitidas?

E se as próximas gerações vão mesmo, à semelhança dos seus pais e avós há muitos anos atrás, ter que emigrar para um país a sério se quiserem elevar-se desta qualidade de vida, tal como descobrimos afinal ser a nossa, aquela que podemos pagar?

E se os países desenvolvidos forem desenvolvidos porque o conceito de cidadania se eleva acima do folclore pontual do que os paneleiros podem fazer com a sua vida, ou se, não gostando de touradas, devemos proibir com gritaria e muita palhaçada os aficionados de manterem o seu particular prazer, e tantas outras coisas tão superiormente edificantes que tal?

E se os países desenvolvidos forem desenvolvidos porque também se preocupam com uma coisa chamada défice, que em boa verdade ouvimos falar desde sempre, e que julgávamos que, ao contrário do que acontece nas nossas casas, podia ser crescentemente negativo, e que só há menos de meia dúzia de anos a esta parte é que nos preocupamos em realmente saber o que significa? E concerteza que nem todos, sendo que tantos e tantos ainda confundem esse défice (agora menor) com a dívida que ele foi alimentando (e que, evidentemente, continua a crescer...).

E se a matemática for importante? E a Cultura Geral?

E se a Cultura Geral se estendesse para além dos conceitos bacocos de uma filarmónica aqui, uma peça de teatro subsidiada acolá, um foguetório de fim de ano ou uma pimbalhada de Verão numa praceta de uma terriola qualquer?

E se a Educação fosse realmente importante? Uma educação a sério, em que se discutissem conteúdos, em que se discriminassem vocações e capacidades, ao invés de andarmos tão dedicados em condicionar professores de darem uma estalada em fedelhos malcriados para manterem ordem nas suas salas, ou em termos pavor de separar incapazes de capazes para um determinado fim, com receio que isso nos remeta preconceituosamente para a galeria dos intolerantes fascistas pré-modernos, onde se arruma tudo e todos neste país, desde uma certa revolução que não vi acontecer, mas que desta forma silencia qualquer voz discordante do balir oficial das frases feitas e politicamente correctas.

E se soubéssemos que o dinheiro do Estado é o nosso dinheiro?

E se acreditássemos que o nosso dinheiro é melhor gerido se estiver nos nossos bolsos? Como quando escolhemos a rede do nosso telemóvel, a companhia do cabo ou o supermercado onde fazemos as compras?

E se este conceito de "redistribuição da riqueza" mais não fosse do que nos tirarem o nosso dinheiro para o gastarem em canais de televisão que não vemos, em subsídios para coisas que desprezamos, em companhias cujos préstimos nunca iremos usar, ou em obras cuja utilidade nunca existirá?

E se o chavão "os impostos servem para manter o Estado Social" mais não fosse do que uma chantagem idiota e uma afirmação falsa, bastando para isso tentarmos lembrar-nos da última vez que o "Estado Social" nos pareceu realmente útil ou eficaz para quem dele precisa. E se o "Estado Social" fôssemos nós? E deixassem de nos retirar o nosso dinheiro, que depois decidiríamos em que bolsos o pôr. Não faríamos melhor selecção? Com melhor critério que esse "critério nulo" que rege as esclerosadas instituições deste Estado, tão lestas em gastar o nosso dinheiro sem se preocupar com os resultados? Sem exigir resultados?

E se cada povo tem mesmo o Estado, e o país, que merece?

E se os povos ricos fossem ricos porque não gastam mais do que devem, e gastam melhor do que os pobres?

E se, uma vez chegados ao ponto em que gastamos o que temos, conseguindo pagar (ou ir pagando) o que devemos, chegarmos à conclusão que temos que abdicar de muitas regalias a que chamávamos "direitos adquiridos"?

E se o que está escrito na bendita Constituição da República estiver completamente desfasado da realidade? E não tiver qualquer relevância face à crueza dos factos, sendo texto próprio de uns quantos perigosos fanáticos? E caso contrário, porque não escrever lá também que cada português deve ter direito a escolher um carro e uma casa, bem como um emprego vitalício e bem pago, sendo-lhe tudo facultado de imediato aos, digamos, 18 anos? Ou será que algumas destas coisas já lá estão escritas?

E se fosse normal despedir-se um inútil? Um indolente? Nem que fosse para dar lugar a alguém que realmente quer trabalhar e merecer o seu salário? Ou não fosse anormal despedir-se um incompetente? Por forma a fazer-se de conta que este é um sistema meritocrático, que premeia a virtude?


Bem, se isso fosse assim, esse país concerteza não se chamaria Portugal. Terra de belas praias, com um belo sol, céu azul..., um clima único no mundo. E gentes pacatas e simpáticas, como sabemos.

Ou seja, óptimo para se passar umas belas férias!


Já para trabalhar, e viver o resto do ano, é melhor pensar-se seriamente noutro sítio....