quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Escravo das palavras


Um dos ditos mais engraçados (e bem sei que há para todos os gostos), é aquele que reza o seguinte:
-"Somos donos do nosso silêncio e escravos das nossas palavras".

Este aforismo é dramaticamente verdadeiro para o nosso simpático bastonário.

Podia ter ficado calado, ou até podia só ter dito algumas das coisas eventualmente interessantes que tinha para transmitir. Mas não, esticou-se, guloso, e lá vai de falar de uma espécie de "taxa para comida de gordos". Para "pagar a saúde" em Portugal. Como se lhe dissesse respeito o comportamento que alguns, com a autoridade que lhes confere a sua  individualidade (essa coisa que nos é tão estranha...), decidem ter. Como se o papel dele nesses comportamentos fosse para além do aconselhamento e da informação científica válida e actualizada (e não a proibição dos mesmos, nem a sua "taxação"), quando requerida. Como se o papel dele fosse sugerir qual o imposto que se segue, e logo numa altura tão fértil de ideias para a criação dos mesmos.

O ridículo eu não estranho de todo (relembro aos meus poucos leitores que sou um mártir fumador do século XXI...). Mas também não percebo a admiração do povo. A fazer de conta que o comportamento lhes parece original.

Não tenham por outro lado dúvidas que o que hoje parece ridículo, amanhã (e talvez mesmo literalmente) parecerá justificável, nesta corrida assanhada para a atribuição da paternidade de todos nós a esta "entidade de bem", que é o Estado. Vão surgir outras doutas vozes a convencer-nos brevemente, após a reacção indignada e estupefacta da actualidade, que ele (bastonário) tem toda a razão, e que esta patetice faz todo o sentido. E como depois da fúria, nesta terra, segue-se invariavelmente a apatia e o estupor, não me admirarei mesmo nada se passar a pagar mais, um dia desses, pelas batatas fritas do McDonald's.

Não se cultiva por cá o saudável exercício de, em vez de se sentir na obrigação de dizer disparates (à falta de conseguir dizer coisas realmente interessantes, que em boa verdade rareiam e não dão para soundbites diários), ficar simplesmente... calado. Não é fácil manter a regularidade, mas com treino é possível, para a maioria de nós.

Enfim, e só para deixar claro que também tenho ideias quando me esforço, e que tal a "taxa da poltrona"? Esse objecto de ócio e sedentarismo?
Haja pachorra....