sexta-feira, 30 de maio de 2014

Pneumofascistas


Os pneumologistas em geral, e promotores da saúde pública em geral, e cidadãos lascivo-passivo-compulsivos, metem-me nojo.
Isso tira-me o discernimento que seria desejável na escrita sobre um tema, mas é a realidade, e terei que o conseguir com alguma qualidade apesar disso

E o tema é o cigarro electrónico, ou e-cig, e a legislação que muitos anseiam por vomitar para cima de todos os seus utilizadores.

Em primeiro lugar, a declaração de conflito de interesse: sou nesta altura adepto confesso do método.

Porque nunca me apeteceu parar de me "nicotinar", acabei por optar por esta alternativa à combustão de tabaco para atingir o mesmo efeito. O "bom" efeito, da nicotina, no meu humor e bem estar, que nenhuma droga por mim experimentada compensava (não fui experimentar, bem se veja, as mais "pesadas" e/ou ilícitas da praça...).

Agora a ciência e a experiência:
-Os métodos actuais, diferentes dos de há cerca de 4 anos quando experimentei pela primeira vez, são altamente satisfatórios. Produzem apreciável quantidade de vapor, e permitem a inalação de uma boa quantidade de nicotina, que desta forma entra em circulação de forma rápida. Mais rápida que uma pastilha mastigada, ou que um penso de libertação prolongada. E, sobretudo: "on demand", ou seja, sempre que me apetece, e enquanto me apetece.
-Além da qualidade da vaporização do líquido nicotinado, o conforto na exigência dos "recarregamentos" com o líquido melhorou incrivelmente. Ainda sou do tempo em que se molhava uma esponja, tendo que se repetir o acto várias vezes por dia (sempre que ela começava a ficar sêca, deixando um sabor desagradável na boca), ou alternativamente andar com n recargas, que ao final do dia se tinham que embeber todas ao mesmo tempo. Uma espécie de javardice, e que consumia tempo. Agora, há uns depósitos grandes de líquido que simplesmente se preenchem, rápida e higienicamente, sempre que se gastam (e demoram muito mais a gastar-se, mesmo com a maior quantidade de vapor produzida). Ou seja, dura mais, e quando acaba é fácil de repôr.
-Por fim, a autonomia das baterias/pilhas recarregáveis melhorou imenso, e já não é necessário andar com carregadores atrás de nós para ligar às tomadas no emprego. Basta recarregar as baterias de noite, e ao acordar há energia para o dia todo, à vontade.
-Já agora de referir em jeito de nota que, coroando o sucesso desta indústria em franca expansão e em acelerado desenvolvimento, o surgimento finalmente de modelos não-aparentados a cigarros e cachimbos. O ridículo daquelas coisas de plástico que acendiam uma luz de cada vez que se inalava só tinha paralelismo com o argumentário desta fauna que hoje clama pela proibição da coisa. Hoje em dia há modelos esteticamente bonitos, que nada têm a ver com os seus antepassados combustíveis.

Quanto à saúde, e tal como esses cretinos todos que falam como se alguma razão tivessem: não faço ideia dos efeitos eventualmente nefastos da coisa. Existe nicotina, que era o menor dos males do tabaco, apenas conhecida porque era a parte "boa" do tabaco, que fazia com que ninguém quisesse largar o vício. E existem outras substâncias, cujo efeito na saúde a prazo se desconhecem. Tal como da maioria das coisas que inalamos no dia-a-dia. Ou seja, dito de outra forma: tanto quanto se sabe, não faz mal a nada.

O que não se desconhece são os efeitos da combustão do tabaco: provoca doenças respiratórias, oncológicas e cardio-vasculares.
Será que andaríamos a discutir os efeitos nefastos a prazo de uma certa pastilha elástica se dela uma grande parte de fumadores dependessem para deixar de fumar? Será que se pensaria em taxar a pastilha elástica, ou em proibir o seu uso em locais públicos?
Ou será que ninguém quer mesmo usar os neurónios, para concluir que nem tudo o que fumega é fumo? Que nem tudo o que tem nicotina faz cancro e outras doenças? Ou andaram a vender pastilhas nicotinadas venenosas durante anos sem nada dizerem?

O argumentário menos patético, mas ainda assim muito, muito patético, prende-se com algo digno de uma milícia de costumes, e reza mais ou menos assim: pois se se demorou tanto a excluir da cena pública o acto de fumar, não se deve, porque dá mau exemplo "aos jovens" (esses bovinos...), permitir algo "parecido". Por parecido, entenda-se, algo que não tem parecença nenhuma, com a excepção factual de conter nicotina. E de fazer vapor, que se parece com fumo....

Mas que não provoca, que se saiba, qualquer doença (nem ao próprio, e muito menos a terceiros). Nem incómodo (porque não tem cheiro, e nem sequer dá uma irritaçãozinha que seja aos olhos ou a outro sentido mais sensível dos puritanos). Nem... nada que não seja este revoltar de entranhas a todos os proto-fascistas que durante anos quiseram, e conseguiram, banir das suas vistas aqueles que de qualquer forma nunca quiseram as suas companhias. Mas baniram das suas vistas, e limitaram a nossa liberdade até (para já) os limites das nossas propriedades.

Eu cá sinto-me bem, porque em primeiro lugar não sinto a falta do tabaco (facto primordial!), mas também porque o hálito melhorou, os cheiros à minha volta melhoraram (na casa, no carro, na roupa), e até poderia jurar que quase me apetece começar a jogar futebol com os meus filhos. E, claro, gasto menos de 25% do que gastava com tabaco.

Enfim, sinais dos tempos. Eu dir-lhes-ia a todos para enfiar um dedo no cu e esperar que passe, mas infelizmente são bem capazes, apesar da qualidade do argumentário, de conseguir mais uma vez interferir com a minha liberdade individual. E isso enoja-me.

O engraçado é que, provavelmente, este é um método que é mesmo capaz de ser revolucionário na sua capacidade para acabar com o vício do tabaco (substituindo-o por nicotina vaporizada). E que, provavelmente, é infinitamente menos nocivo para a saúde dos utilizadores do que era o tabaco, se é que será de todo nocivo.
Ou seja, os proto-fascistas, entre os quais alguns pneumologistas, "colegas" meus que supostamente se regem por critérios científicos antes de emitirem opiniões (mas que, bem se vê, não hesitam em remeter-se ao obscurantismo do bitaite sempre que solicitados), são bem capazes, caso essa campanha surta efeito, de fazer com que milhares voltem ao tabaco fumado, contribuindo dessa forma para a perpetuação da incidência de todas essas doenças que eles, benevolamente, sugerem repetidamente querer erradicar.

Uma cambada de palhaços, é o que são! Vamos a ver se existe alguma racionalidade no acto de legislar. Ou seja: a esperança não será muita nesta fase.

O que levanta umas poucas de questões: há mesmo interesse em que diminua o número de fumadores? O aumento de preços destina-se a desincentivar, ou a amealhar? Haverá consultas de cessação tabágica a precisar de doentes? E consultas de outras doenças pulmonares que não podem ficar vazias, ou menos povoadas? E Manéis cujo protagonismo mediático se arrisca a ficar esvaziado, por ausência de velhos problemas?

Questões....