terça-feira, 28 de outubro de 2008

O Que Eu Não Percebo

E a Helena F Matos também não....
Aqui está um texto dela (http://blasfemias.net/), sem tirar nem pôr (a não ser alguns itálicos e  "bolds"):
"Paulo Rangel vai ter de aturar os ditos amigos dos animais até ao fim dos seus dias. Os animais, sobretudo os mamíferos tipo bola de pêlo, passaram a um estatuto melhor que humano: têm sentimentos, pensamentos e só praticam boas acções. São uma espécie de actualização do mito do Bom Selvagem. As mesmas almas que há umas décadas pasmavam com a superioridade moral dos guaranis agora desistiram da humanidade e deu-lhes para os cães, para os gatos e outros seres de pêlo e pena nos quais projectam todas as suas desilusões com a espécie humana.

Dizem que adoptaram um cão com a mesma naturalidade com que declaram que não vão ver o pai ou o tio ao lar porque lhes faz impressão. Falam dos bichanos como não falam dos filhos nem dos avós, tanto mais que os animais têm sobre os humanos ascendentes e descendentes a fantástica vantagem de não terem adolescência nem uma velhice tão prolongada. O caso tem foros psiquiátricos e em algumas situações quase criminosos. No Dubai país que não é propriamente conhecido pelo activismo político dos seus habitantes, cujos aliás manifestam uma tremenda indiferença pela situação dos trabalhadores estrangeiros, conhece-se uma mobilização inédita para salvar um tubarão-baleia Entretanto, ao lado, estão uns indianos numa situação de quase escravature e ninguém se indigna."

Os animais não têm culpa.

As pessoas, essas, é que estão cada vez mais doentes.

sábado, 25 de outubro de 2008

Nem Mais

Médecine Interne
Un article de Wikipédia, l'encyclopédie libre. La médecine interne est la plus complète des spécialités médicales. Dépassant le cadre de la médecine d'organe, elle s'intéresse au diagnostic et à la prise en charge globale des maladies de l'adulte avec une prédilection pour les maladies systémiques (par exemple le lupus érythémateux disséminé) et les maladies auto-immunes en général. Un médecin qui pratique la médecine interne s'appelle un interniste.
En France, la médecine interne est la spécialité des démarches diagnostiques difficiles et de la prise en charge des adultes souffrant de polypathologies ou de maladies générales. Au carrefour des spécialités d’organe, l’interniste possède les aptitudes nécessaires pour établir une synthèse dans les situations complexes et pour mettre en place des stratégies diagnostiques ou thérapeutiques hiérarchisées. Il prend soin du malade vu comme un tout. Le fractionnement de certaines spécialités en « sur-spécialités » de plus en plus étroites, fruit du progrès médical et technologique et indispensable aux soins de certains patients, implique un recours de plus en plus nécessaire à des médecins formés à la synthèse comme le sont les internistes. Les services de médecine interne tiennent un rôle central à l’hôpital. Ils ont pour mission de recevoir des patients sans diagnostic ou polypathologiques, souvent hospitalisés en aval des services d’urgence et dans un état grave. Le fréquent contexte d’urgence et de complexité médicale nécessite la mobilisation et la coordination des moyens humains autour du patient, ainsi que la mise en œuvre de moyens techniques ou de procédures diagnostiques et thérapeutiques sophistiquées. Cette activité implique un travail en équipe, multidisciplinaire et multiprofessionnel, caractéristique de la médecine interne. Les internistes ont également une fonction de consultant pour les médecins de ville ou hospitaliers, leur apportant une aide en toutes situations.
En Belgique, la situation est assez semblable. En théorie, la cardiologie, la gastro-entérologie, l'endocrinologie, l'allergologie, etc. sont des spécialisations à part entière, mais à côté de cela il existe bel et bien des internistes qui s'intéressent à l'ensemble de ces domaines.
En Algérie, la médecine interne est aussi au carrefour des autres spécialités : l’approche globale du malade peut parfois éviter à celui-ci un circuit contraignant lié à l’approche par organe. La médecine interne a cette ambition. Illustration d'un cas de patient suivi pendant plusieurs années (5 à 6 ans), de façon séparée par différentes spécialités : Orthopédie pour une gonarthrite, maladies infectieuses pour une épididymite, ophtalmologie pour une atteinte oculaire. Ce n’est qu’en médecine interne qu’a été évoqué le diagnostic de maladie de Behcet dans sa forme oculaire grave pouvant mettre en jeu le pronostic visuel, et que le patient a bénéficié d’un traitement approprié et cela grâce à l’approche globale. Ceci n’illustre qu’un cas de retard de diagnostic de quelques années.
En conclusion : l’être humain est un organisme et non un ensemble d’organes, l’approche d’un malade doit être globale pour arriver à un diagnostic précis donc une meilleure prise en charge. Le retard de diagnostic de plusieurs pathologies dont les maladies de système résulte souvent d’une approche restrictive du malade.

domingo, 19 de outubro de 2008

O Cliente às Vezes tem Mesmo Razão...

Aconteceu-me mais uma vez, e como disse anteriormente, olhem que até me esforço....
Antes do mais, o costumeiro enquadramento geral, resumidamente, da qualidade do atendimento aos "utentes" na Urgência onde prestamos serviço (das 08h00 às 08h00 do dia seguinte, por exigência da maioria das instituições). Às 09h00 costuma-se começar com um sorridente "então, caríssimo Sr x, que más notícias o trazem por estas bandas?"; às 17h00 será mais um profissional "boa tarde Sr x, então, conte-me lá do que se queixa?"; às 23h00 um esfíngico "boa noite, o que o traz aqui a esta hora?" (note-se no pormenor do: "a esta hora", já a demonstrar incredulidade face à desproporção da relação consultas/verdadeiras urgências...); às 04h00, bem, já será uma histeria persecutória  olheirenta do tipo: "há uma semana? tem febre há uma semana? e lembra-se de vir agora, aqui, às 04h00? logo quando estou aqui eu, no meu turno da noite?".
Enfim, a história da minha vida uma vez por semana, que eu tento contrariar mantendo a primeira forma ao longo do tempo todo, com maior ou menor sucesso.
Mas voltando ao tema de abertura do post, voltei a falhar, meus caros.
Como do costume, lá me apareceu a meio da noite o tradicional "cansaço há um mês", sem mais nada de especial. O quadro clínico, dramatizado pela filha (muito mais do que pelo próprio doente), minou desde logo os alicerces da relação médico-familiar do doente, e desde logo tratei de enquadrar a filha do dito cujo com a setença pré-qualquer-observação, acrescentando: "sabe, cansaço há um mês NÃO É uma urgência". Qual cliché, ela desde logo argumenta que o pai deve "estar muito mal", que o médico de família "não dá conta do recado", que os exames que aquele pediu "ainda vão demorar um semana", blá blá blá....
De paciência cada vez mais minguante, procurando desesperadamente pôr termo àquela conversa antes que a mesma degenerasse seriamente, concluí: "minha Sra, aqui, só vou assegurar-me que o paizinho não tem uma situação a carecer diagnóstico e abordagem terapêutica com carácter de urgência. O resto, vai ter mesmo que ser com o médico de família, com os exames demorados, etc.... Não se fazem abordagens certas nos sítios errados, e ou muito me engano, ou está a fazer o pai perder tempo, assim como as verdadeiras urgências que possam estar na sala de espera a esta hora, a aguardar que eu conclua esta observação!".
E lá fui ver o Sr, após aquilo que eu julgava ter sido mais um inútil exercício de Pedagogia.
Ou seja, mais uma historieta comum, que se vai fatalmente repetindo com todos os que conhecem os meandros do sítio em causa.
Mas afinal voltava-se a tratar de uma daquelas outras historietas, mais raras, que nos prova que nem tudo o que brilha é ouro, e passado pouco tempo, vejo-me a internar o homem no Serviço de Observação por hiperosmolalidade diabética (diagnóstico inaugural).
Tudo encaminhado, chega o doloroso momento de comunicar o sucedido à familiar.
Triunfante, ela excama, babada: "ah, afinal era mesmo uma situação urgente!".
Rasteiro, ainda vislumbrei a eventualidade de lhe responder que não, que o quadro clínico deveria ter sido diagnosticado antes, que o pai deveria fazer análises de vez em quando, e se o tivesse feito, não chegaria à conclusão que tinha diabetes daquela invulgar maneira, mas retrocedi, antes de lhe dar um argumento definitivo para me dar uma estocada final, reconhecendo intimamente a minha imprudente abordagem, grato pela grandiosidade de espírito, inchado de orgulho, da progenia presente, ao não me desancar mais ainda, para além daquela subtil declaração de vitória, que o ingrato destino fez com que ela merecesse.
É a vida....