Não canso de me pasmar com a comparticipação de uma série de placebos na nossa praça.
Canso-me de ver doentes a fazer Vastarel (vulgo trimetazidina), ao invés dos beta-bloqueantes, dos iECA's, dos nitratos e dos anti-agregantes que muitas vezes precisavam.
Não me lembro da quantidade de vezes que respondi "pode continuar, se fizer questão, acho que mal não faz..." à pergunta "Dr., mas posso continuar a tomar este remédio, que me faz tão bem!".
Que tomem, pois, o "vastarelzito", mas não às custas do herário público. Pelo menos até à publicação de um estudo/ensaio clínico randomizado, duplamente cego e controlado com placebo. O Infarmed anda a dormir? Para que serve o Infarmed?
E porque não comparticipar remédios a sério, como diversas vitaminas, como o cálcio, como uma série de anti-agregantes plaquetários, que os doentes têm que pagar do seu bolso por inteiro, e que de facto (comprovadamente) servem para alguma coisa?
E o Betaserc (vulgo beta-histidina)? Para que serve, afinal, o Betaserc? Para recolher os louros de vertigens auto-limitadas?
E mais uns quantos "venotrópicos", e mais uns quantos "neuro-estimulantes".
Até já se fazem genéricos, pasme-se, e comparticipados também, de placebos. Esta gente tem alguma coisa contra a água? E porque é que ninguém me comparticipa a água?
Não fui eu que me dediquei à prospecção, acedam ao Prontuário Terapêutico online (uma das melhores produções nacionais no campo da Medicina, honra seja feita aos seus autores) e lá vêm umas quantas substâncias, alegremente comparticipadas por esta dormente instituição que dá pelo nome de Infarmed, cuja finalidade é "não estar devidamente comprovada em nenhuma indicação"....
Outros valores, seguramente, se sobrepõem. Talvez um dia saibamos quais.
1 comentário:
Tem o meu apoio em tudo o que acaba de dizer. Saudações médicas.JCarmo
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