Este é um problema recorrente nos tempos que correm.
Será um determinado autarca competente para gerir a autarquia? Serão certos Deputados competentes para orientar os destinos da Nação? Será um determinado médico competente a realizar técnicas ditas de outras Especialidades? Será um Enfermeiro competente para executar diversos actos ditos "Médicos"? Será o doente competente para avaliar cuidados de Saúde?
E quem determina a Competência, e com que critérios?
A Competência, e tal é tanto mais verdade quanto mais diferenciadas se tornam as técnicas ou actos em causa, deve ser avaliada, e estudada. A Competência, num país onde existem variados "vícios" de sistema, serve também para gerir monopólios, tornando exclusivas coisas que em alguns casos se poderiam generalizar mais, a bem do Mercado e logo, das populações.
A Competência é bem aceite, quando demonstrados os efeitos nefastos da sua atribuição a quem não a deveria ter. Da mesma forma, é mal aceite quando, mais ou menos claramente, veda o direito de outros a exercerem livre e adequamente.
Ou seja, quem sabe deve poder fazer. E quem faz deve deixar outros que saibam fazer também.
Passando ao concreto, num exemplo actual, os Enfermeiros devem poder "atender" as pessoas num determinado Distrito, substituindo um tradicional modelo que dantes seria personalizado por um médico, desde que cumpram adequadamente uma determinada função atribuída no novo modelo (que obviamente não seria a mesma que o médico desempenhava no velho), e que daí não resulte mal maior (ou bem menor) para quem precisa deste serviço.
Provadas estas premissas, é aceitável, ainda que arriscado (cabe aos responsáveis assumirem isso, mas a vida também se faz de riscos, desde que esperadamente controlados, neste caso), um período "experimental" de um novo sistema de orientação dos doentes. Deve ser controlado, e cuidadosamente avaliado.
Porque em última análise, o que realmente interessa é que o doente do tal Distrito veja o seu problema resolvido, com aqueles Enfermeiros, a funcionarem daquela maneira, e articulados assim como está planeado com o demais Sistema de Saúde local.
Com aqueles Enfermeiros, que são os nossos, e não os dos EUA. Com aquelas Competências, que lhes foram atribuídas, e não outras estudadas num contexto que não o nosso.
Se funcionar, nada a opor.
Até lá, cuidado com as generalizações, com as extrapolações e com as insinuações de parte a parte das corporações envolvidas. Isto para aqueles que se preocupam em não deixar de ter razão. E em manter legítima Competência para avaliações sociológicas futuras.
2 comentários:
Parece-me que será fácil aferir essa competência, de acordo com critérios definidos pelas ordens dos enfermeiros e dos médicos.
O trabalho dos enfermeiros é precisamente atender pessoas. Concordo que se possa substituir um modelo, mas não concordo que o enfermeiro possa substituir o médico, ou que o médico possa substituir o enfermeiro. Pelo facto de termos formações distintas e de abordarmos a saúde também de forma distinta. Por termos competências profissionais diferentes, definidas pelas respectivas ordens, e também, por termos definidos mandados sociais diferentes. No entanto, apesar destas diferenças, concordo que perante a mesma situação, em determinadas áreas, ambos possam actuar. O ideal seria actuarem em complementaridade.
Os enfermeiros portugueses, apesar da sua heterogeneidade no que diz respeito à sua formação, tem um alto nível de competência técnica e humana. Lembro que o ensino da enfermagem foi integrado no ensino superior em 1988, mas a qualidade do mesmo já se encontrava a esse nível há algum tempo, portanto, há quase 20 anos.
Relativamente às competências: nãos nos podemos esquecer que as profissões estão em constante evolução, em particular as da área da saúde, a par da evolução técnica e científica. Lembro que no século 19, a competência para utilizar o termómetro, para avaliar a temperatura corporal, era exclusiva dos médicos.
Na sua prática os enfermeiros tem que recorrer ao seu discernimento clínico permanentemente, tomando decisões clínicas e implementando intervenções; sendo que quando o diagnóstico ou intervenções saem da área das suas competências encaminham a situação para outros profissionais.
Quantas vezes, quando o médico chega junto do doente, em situação de urgência, e já foram tomadas as primeiras medidas adequadas, garantindo assim a qualidade dos serviços prestados aos doentes? Quantas vezes a opinião do enfermeiro influenciam a decisão do médico? Quantas vezes o contributo do enfermeiro especialista em saúde materna é fundamental no seguimento de grávidas, especialmente onde não existe médico especialista nesta área? No entanto, estes contributos não ficam documentados; e pelos vistos pouco claros na cabeça de enfermeiros, médicos e público em geral.
Concluindo, parece-me que enfermeiros e médicos deveriam trabalhar mais em equipa e que ambos estão subaproveitados.
E pronto. Fiz-lhe a vontade, e coloquei alguns links no meu blog para lhe poupar algum trabalho...
Abraço
DE
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