quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Fossa (s)Ética (com acordo ortográfico, porque fica bem no trocadilho...)


Não tem a ver com Filosofia Política, sou segura e convictamente mais Liberal (ou Ultra-Liberal, neste país tão amante das hipérboles e rótulos) que este pseudo-liberal governo que se nos afigura, antes cristalizador do status quo anti-meritocrático de sempre, por mais fragrâncias de mudança com que nos pretendem distrair as narinas que pulverizem.

Mas até para a estupidez e cretinice devia haver limites, e há lapsos demasiado graves para serem simplesmente esquecidos em desmentidos e explicações bacocas de aparelhistas auxiliares.

E falo, evidentemente, da sugestão de orientação além-fronteiras que o nosso 1º decidiu fazer a uma determinada classe que este país um dia escolheu formar (sim, porque os numerus clausus não surgem de uma entidade abstrata). Agora percebe-se melhor qual a motivação do alargamento dos numerus clausus das Medicinas nacionais, mesmo em instituições com capacidade duvidosa, para aqueles que acreditavam noutra mais nobre, e a motivação afinal só pode ser mesmo aquela que agora foi revelada: precariedade para os que ficam e emigração para os outros todos.

Mas voltando ao tema, e explicando muito rapidamente, existe um diferença, caro 1º, entre emigrar para um determinado país, e passar lá 2 ou 3 semanas de férias ou alguns meses em estágio. Percebe-se a confusão, quando atentamos à sua profícua experiência de vida, mas não é por esse motivo que lhe deveremos perdoar as infames palavras.

Emigrar implica cortar laços criados desde a nascença com uma língua, com uma cultura, com uma geografia, com uma gastronomia, com amigos e com familiares. Implica deixar atrás de si tudo, ou pelo menos muito, do que nos identificava enquanto pessoas até à tomada e efectivação da decisão de emigrar. E o corte de laços é profundo, duradoiro e doloroso, são meses entrecortados por eventuais férias, assim o permita o novo status financeiro que se pretendia em primeiro lugar, com novo corte duradoiro de seguida, e assim repetidamente ao longo de uma vida de sucessivas recorrências desse enorme desgosto. E há a tal saudade, que esfaqueia a alegria do dia-a-dia. Há a tristeza de ser estrangeiro e cidadão de segunda num sítio estranho, a troco de comida, educação e bem-estar para os filhos. E temos por cá muitos exemplos disso, homens e mulheres bravos e doridos por um passado destes que agora recomenda, e S.Exª saberia isto tudo se, em vez de lhes invejar o carro, a casa ou a reforma, lhes tivesse alguma vez dirigido a palavra e conversado com eles....

Não são férias, caro 1º.
Não é como passar as semanas a estudar numa cidade "longe da terra" onde se nasceu.
Não é como fazer um doutoramento ou um estágio com prazo, ou até um curso, tudo isso tem prazo.

E mais do que constatar que o nosso "timoneiro" afinal é um cretino imaturo, secundado por uma abécula comensal ainda mais pueril ou carente de hormona tiroideia, desespera-se perante esta afinal total incapacidade de colocarmos alguém capaz a governar-nos, de uma vez por todas.

Os alemães e os franceses, que me perdoem os crentes, não podem fazer pior que isto....

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