domingo, 29 de maio de 2011

Gratuitidade da Saúde em Portugal

Um dos chavões mais grosseiramente falsos desta terra.
Um dos chavões mais exasperantes, recorrentemente repetido por "beneplácitos" que não hesitam em usar e desperdiçar o nosso dinheiro, eufemisticamente designado por "dinheiro do Estado" ou "de todos nós" (como se também lhes pertencesse a "eles"...), querendo geralmente ir ainda mais longe dando-nos a entender que é pertença de alguma entidade (tipográfica?) misteriosa supra-nacional, e que se não for desperdiçado ao desbarato num qualquer Serviço Público será devolvido à procedência e perdido para sempre.
A Saúde NÃO É gratuita. O SNS NÃO É gratuito.
Em pequenas (e redutoras) frases...:
-Os salários dos profissionais (e suas reformas) custam muito dinheiro...;
-A comparticipação dos medicamentos custa muito, muito dinheiro...;
-Os exames complementares de diagnóstico, e inúmeros consumíveis usados em saúde, custam balúrdios de dinheiro...;
-A tecnologia em saúde é muito cara (e usa-se tecnologia de ponta, muitas vezes num qualquer vão de escadas do Hospital);
-As estruturas físicas em Saúde, e sua manutenção, custam muito dinheiro;
-Tudo o que anda "à volta" das estruturas de saúde (lavandarias, tratamentos de materiais, transporte de doentes, empresas alimentares, etc...), custa muito dinheiro.
Ou seja, isto não é "gratuito". Isto é, isso sim, um enorme MONSTRO insaciável sorvedor de toneladas de dinheiro, de uma enorme parte do rendimento dos portugueses, de uma grande parte do nosso salário, do nosso trabalho, todos os meses.
Chamar-lhe "gratuito", ou "tendencialmente gratuito" porque se pagam uns trocos para se ser atendido aqui ou ali ou comparticipar isto ou aquilo, é, ou profundamente estúpido, ou altamente insultuoso (quando feito, como não raras vezes o é, com dolo de expressão).
E quando eu me indigno com esta suposta gratuitidade, ao contrário do que ameaçam os que se alimentam deste monstro por nós sustentado para assustar os incautos, não pretendo que deixe de existir Universalidade de acesso aos cuidados de saúde, bem pelo contrário. Nem pretendo que passe a ser pago por cada um de nós, bem pelo contrário; espero isso sim que o SNS se torne minimamente sustentável, por forma a que persista para sempre, não existindo apenas para os que adoecem hoje mas para que continue para quando adoecerem os meus filhos e netos.
Pretendo é que as pessoas saibam que isto é caríssimo (e não "gratuito"), que há formas menos caras de se gerir com igual (ou melhor) eficácia isto tudo, prestando melhores serviços, combatendo-se o desperdício, o laxismo, o tachismo partidário que existe, e em peso, nas instituições de saúde por este país fora.
Isto é: saibam bem que é possível pagarem muito menos do que pagam hoje em dia (e que é imenso!!), e passarem a ter melhores cuidados de saúde.
Ou seja, a conjuntura não é: "isto é fraquito, mas pelo menos é gratuito". Isto serve para enganar papalvos e eternizar tachos que muito agradam a tantos, a demasiados, há demasiado tempo....
A real conjuntura é: isto é um brutal desperdício, uma péssima gestão do vosso dinheiro, com a desculpa de ser "pela vossa saúde", quando na realidade é consequência de despotismo puro e duro do Estado sorvedor, incompetente e irresponsável. Deve-se, e sobretudo PODE-SE, fazer muito melhor, gastando menos do nosso dinheiro (ele é NOSSO), por um SNS universal que não deixe ninguém sem tratamento neste país.
É mesmo possível, assim haja vontade em assumir-se isso.
É o mínimo, o "primeiro passo"....

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