quarta-feira, 17 de março de 2010

País das "Causas Fracturantes" da Treta

Aborto:
-Afecta alguns (algumas mulheres menos "amigas" de anti-concepcionais, por ignorância ou seja lá o que for);
-A gravidez não é geralmente doença, e quando o é, tem mecanismos de acompanhamento apropriado;
-Criou-se (a meu ver bem) uma Lei a despenalizá-lo;
-Quem é a favor e/ou precisa aborta, quem não é a favor ou não precisa não aborta;
-O Estado financia (a meu ver mal) o aborto.
Casamento "Gay":
-Afecta algumas (poucas) almas (aliás, penso intrigado: quantos de nós conhecem um caso que seja? Serei eu que vivo numa garrafa?);
-Não é doença;
-Criou-se uma Lei que, em princípio, irá permitir o respectivo circo;
-Quem é a favor poderá "casar-se" oficialmente; quem não é, também não interessa nada....
-O Estado, enfim, não tem mais que fazer.
Suicídio Assistido/Eutanásia/Cuidados Paliativos, domiciliares, alargados a toda a população:
-Vai afectar quase todos (excepto as abençoadas "mortes súbitas");
-É uma questão inevitável;
-Não se esclarece em sessões ou debates públicos, nem sequer praticamente se discute o tema;
-Não está legislado (quem se quiser matar, e o puder pagar, que vá para a Suíça);
-O Estado, obviamente, não financia o que se recusa a sequer reconhecer, apesar da universalidade do problema.
Um dia, ficaremos todos (ou quase, com a tal excepção) doentes.
Vamos querer curar-nos, e se tal não for possível, pelo menos estabilizar a doença com o menor handicap possível.
Se, para nosso desespero e infelicidade, o caminho for (e sê-lo-á, seguramente, a dada altura) inexoravelmente o caminhar a curto prazo para a agonia e morte, não teremos o direito a alguma dignidade, nessa recta final?
Seja lá o que isso for para cada um de nós?
Se eu não quiser ficar dependente de terceiros a apodrecer lentamente, não terei o Direito ao suicídio assistido, na altura em que eu julgar estar em condições para o fazer com dignidade?
Se eu quiser seguir o caminho até ao fim, não terei o direito a fazê-lo com uma paliação realmente eficaz, e não esses projectos de Cuidados Paliativos que, sempre bem intencionados, mas geralmente insuficientes, por aí vão proliferando, ao sabor das pessoas que se encontram em cada ponto geográfico, das suas sensibilidades, capacidades e meios?
E se eu não concordar com nada disto para mim próprio, pelas minhas razões pessoais (morais ou outras...), não terei o Dever de deixar cada qual decidir pela sua cabeça? Ou o Dever de conceder o Direito de cada um optar pela sua cabeça?
O facto de bons cuidados paliativos serem fundamentais não impede que se permita o livre arbítrio, perceba-se, de CADA UM DE NÓS, ACERCA DE NÓS PRÓPRIOS, sem afectar terceiros!
Será que vou ter que esperar pela possibilidade legal de congelar os tomates, com financiamento do Estado, para ter a certeza que vou poder ter acesso àquilo que entendo ser uma morte digna?
Já não falo da minha paciência, essa sim, desde já agónica e a precisar de paliação, com esta triste condição de viver entre mentecaptos demasiado entretidos com a artificialidade das suas auto-limitadas vidinhas, para conseguirem acautelar a inevitabilidade do sofrimento que um dia virá, mas que preferem ignorar nesse delírio de imortalidade que nos infecta a quase todos.
Eu cá, por outro lado, tenho Know-how, e amigos que me poderão valer.
Vocês, os "outros", ponham-se a pau. Pelo menos enquanto são cidadãos dignos de "investimento", uma vez que depois, será demasiado tarde....

1 comentário:

Luz disse...

Aborto:
-A favor quando afecta as pessoas pela razão "(...)seja lá o que for", completamente contra quando fazem disso um novo método contraceptivo.
-Quanto ao pagamento pelo estado por um lado penso que está mal, especialmente porque não temos de pagar novas modas de métodos contraceptivos, mas quando se engravida por aquele método "(...)seja lá o que for" e não se tem de facto como sustentar uma criança, apoio com alguma frieza que mais vale o estado pagar o dito aborto...

Casamento "Gay":
Gay conheço, casamento também não...
De que cor é a tua garrafa? Era só para saber se é parecida com a minha ;)))

Cuidados Paliativos, domiciliares, alargados a toda a população:
-claro que sim, SEMPRE

Suicídio Assistido/Eutanásia
-fica uma pergunta como resposta:
se agora que não estou doente mas estou fisicamente capaz posso suicidar-me, porque deixo de o poder fazer só porque deixo de ter autonomia física?????