segunda-feira, 13 de julho de 2009

As Exclamações que Nunca Deixam de me Espantar nas minhas "Urgências"...

O utente insatisfeito (com a demora dos exames, com a minha falta de tempo para lhe dar a devida atenção -por excesso de afluência-, etc...):
-"Dr., olhe que me vou embora!"
-"Olha, eu aqui à espera e ele foi jantar!"
-"Olha, a gente aqui à espera e ele vai fumar!"
PS: ainda nunca me apanharam a mijar ou a cagar (-calão provocatório propositado-), mas ainda vou ter mais uns anos disto pela frente, e prometo que conto logo....

7 comentários:

cristina disse...

Tem razão,mas certamente tb ja desesperou nas urgencias como utente claro? e nunca lhe aconteceu estar numa urgencia e derepente ouvir se golo e imensos gritos de alegria porque Portugal tinha marcado golo? é que nao é muito agradavel .

Placebo disse...

Cristina
Ninguém gosta de esperar, e eu também não.
Seja no banco, na fila do supermercado ou no semáforo.

Porém, um serviço de Urgência, e isso deveria estar bem presente na mente de quem para lá se desloca, é um local destinado a salvar vidas, com recursos físicos e humanos limitados. Ou seja, há que estratificar prioridades com o rigor possível, e dosear a dedicação a este e aquele caso segundo a emergência diagnóstica e/ou terapêutica que se presumem.

Isso falha? Concerteza, mas cada qual faz o que pode e sabe.

Agora, por outro lado, que em nada se correlaciona com critérios de eficiência, mas que é escusado estarmos para aqui a tentar escamotear, muitos profissionais que encontra numa Urgência passam lá (mal, mas é assim) 24 horas do dia seguidos. Entram às 08h00, e só voltam a sair para a sua enfermaria (ou para casa os mais sortudos) passadas 24 horas contínuas. Durante esse período, comem, satisfazem as suas necessidades fisiológicas e tentam estabelecer laços com os profissionais (e utentes) que os rodeiam num esforço de socialização, para tentar tornar aquelas horas todas suportáveis.

E sim, se há um jogo de futebol pergunto ao maqueiro ou ao enfermeiro ou ao meu colega que foi jantar qual é o resultado. E se houver (no meu Hospital não é o caso) uma televisão por perto, e me disserem que houve um golo, tento ver a repetição, se o jogo me interessar (temos interesses extra-laborais, compatíveis com o nosso dia-a-dia, em nome da sanidade a médio prazo).

Claro que se tenta respeitar o sofrimento daqueles que ao serviço acorrem com critério, mas julgo não ser ofensivo para ninguém, desde que todos façamos um esforço para compreender os pontos de vista uns dos outros, essas situações que alguns teimam em não tolerar.

Sem que precisemos de nos esconder uns dos outros.

Cumprimentos!

cristina disse...

Nao quiz ferir de maneira nenhuma a dua sensibilidade.Sei que ha maus profissionais em todas as areas e a sua não e excepção,sei também e por expreiencia própria que ha medicos que dão tudo por tudo para salvar vidas,mas tambem a uns que são autentisos mercenários e a meu ver acho que acima de tudo um medico é um sacerdote e em primeiro lugar deveria ter senssibilidade para lidar com pessoas que estão acima de tudo fragilizadas emocionalmentes e sabe tao bem como eu que nem sempre isso acontece.>Era a isso que me referia e tambem concordo com o que disse.
Cumprimentos

Placebo disse...

Não feriu, eu só estava a fazer conversa a propósito da sua deixa... :)
E estamos de facto de acordo.

Um bom dia!

cristina disse...

Ainda bem que assim é
Bom dia e bom trabalho.
P.s senao se importar vou continuar a vir aqui cuscar e opinar lolol

Placebo disse...

Obrigado, e depois de cuidadoso escrutínio da imensidão de gente que para aqui vem, fica desde já nomeada "minha fã nº1"! :)

cristina disse...

Será um prazer,já que nao sou fã de ninguem hehehe