-Tivesse um AVC?
-Que o deixasse hemiplégico (sem conseguir mobilizar metade do seu corpo)?
-Que o deixasse totalmente dependente de terceiros?
-Que o deixasse afásico (sem capacidade para comunicar)?
-Ou seja, que matasse aquela pessoa querida, tal como a conhece hoje?
-Se não tivesse dinheiro para o pôr numa instituição (vulgo "lar")?
-Se tivesse que passar o dia a trocar-lhe a fralda?
-A limpá-lo, a dar-lhe banho?
-A vesti-lo, a levantá-lo, a sentá-lo, a dar-lhe de comer, a deitá-lo?
-Se tivesse que ouvir os seus gritos durante a noite, regularmente?
-Se não tivesse com quem o deixar durante o dia enquanto trabalha?
-Ou pagar a alguém que tomasse conta dele nesse período?
-E tivesse por isso que deixar de trabalhar?
-O que acharia disso o seu cônjuge? E os seus filhos?
-De deixar de trabalhar, empobrecendo o agregado?
-Ou de trabalhar na mesma, deixando o idoso em condições deploráveis?
-E se esse cenário durasse anos?
-Intervalados com alguns internamentos, por intercorrências diversas da doença?
Se isso lhe acontecesse...
E acontece a alguém todos os dias...
E vai eventualmente acontecer-lhe a si, um dia, noutro dia...
O que seria da sua vida, tal como a concebe agora?
Até que ponto equacionaria a importância que tem, para si, a vida do seu progenitor?
Essa pessoa que hoje tanto adora?
Versus a sua própria vida, e a do seu agregado familiar?
Que hoje julga ser um dado tão adquirido? Tão estável?
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