Houve um certo sururu quanto a um Sr. Dr., por sinal aposentado, militar de carreira, que seria Estomatologista e que, para pasmo da Sociedade distraída que é a nossa, prestaria serviços de Urgência/Emergência num posto de saúde qualquer do Alentejo.
Demorei algum tempo, confesso, a perceber a natureza do problema.
Afinal, eu, médico diferenciado numa especialidade hospitalar, clínico com formação em Intensivismo, certificado com os cursos de Suporte Avançado de Vida, de Advanced Trauma Life Support, de Sepsia Severa, de Fundamental Critical Care Support, entre outros menos "badalados", passei a minha vida, de instituição em instituição, a constatar o que vai sucedendo pelas Urgência por esse país fora.
E estou cansado de saber que tudo vai parar às Urgências, tanto nos pequenos "postos" como também nas grandes Urgências, dos Hospitais Centrais, e nas das instituições privadas mais publicitadas também.
Sim, meus senhores, desde Estomatologistas, ou nem sequer isso, médicos que acabaram o curso (tal como aqueles) e que depois não se especializaram em nada (nem sequer em Estomatologia...), fazendo carreira de "banqueiros" (pagos, em geral, a peso de ouro, estratosfericamente acima de todos os demais pertencentes aos quadros das instituições, e das várias especialidades), e até internos que estão em formação nesta ou naquela especialidade, para descanso dos mais graduados que assim se esquivam muitas vezes aos seus deveres, delegando nos mais novos a troco de gratidão, formação e uma nota melhor no final do ano.
Mas agora já sei qual é o problema. O "povo" não sabia. Não sabia que a esmagadora maioria dos médicos que os atendem nas Urgências não tem qualquer formação, nem sequer vocação, em Medicina de Urgência, ou em Emergência médica.
E agora já sabe.
Mas não bastava terem perguntado?
2 comentários:
Eu já tinha constatado. Algumas vezes até, pensei padecer de Alzheimer e ter entrado no talho, por engano...
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