Ventos de esperança sopram dos EUA, através da impressionante campanha do "republicano" Ron Paul, liberal convicto (o único?) da escola económica austríaca, que defende menor intervenção do Estado na Economia e na vida das pessoas em geral.
As aspas, para os que não são seguidores, devem-se ao facto dele estar encaixado no partido por razões meramente conjunturais, dado que naquele país não se faz política fora de um dos dois grandes (ele tentou no passado e não conseguiu). Razão pela qual, aliás, ele é odiado por uma facção maioritária do mesmo, só se verificando algum destaque da sua parte por ausência de alternativas realmente consensuais do verdadeiro senso da maioria daqueles eleitores. E ele lidera nos menores de 40 anos, e nos independentes que chegam ao partido (única e exclusivamente pela sua presença no mesmo).
Liberal deve advir de liberdade.
Como ele tão bem ensina, e demonstra, não há liberdade com muito Estado. O Estado retira liberdade expropriando o dinheiro dos contribuintes, para depois redistribuir uma pequena parcela pelos mesmos, arbitrariamente e sem sentido meritocrático, guardando uma significativa parte para os seus boys e girls, sob a forma de administradores de empresas públicas e tachos que tal. E o Estado perpetua-se, porque, lá como cá, dois partidos revezam-se sazonalmente, não estando por isso nada interessados em mudar um estado de coisas que tanto os favorece e aos seus enraizados lobbys.
Mas isto não é uma Democracia? O povo não pode optar diferentemente?
Não, não pode. Qualquer alternativa política, por mais séria que seja, é aniquilada por algumas tiradas mainstream dos media (controlados, evidentemente, pelo omniprsente Estado), pela desacreditação desavergonhadamente caluniosa, e pela cultura do medo. E esse medo resulta do simples facto do Estado estar em todo o lado, por tirar muito a todos (particulares, empresas...), para depois voltar a dar alguma coisa a alguns (que até podemos ser nós), mas esse "alguma coisa", de tanto que nos tiram, passou a ser quase imprescindível para a nossa sobrevivência, já não conseguimos viver sem esse "alguma coisa" que nos devolvem, e aqui estamos todos a embarcar na caravana para não morrermos de fome amanhã, ainda que estejamos a ficar gravemente desnutridos a médio-longo prazo.
Estamos reféns das migalhas que nos dão, após nos terem roubado o pão.
Mas como sempre nos roubaram parte significativa do pão, já não sabemos bem se o saberíamos gerir se, por milagre, ele ficasse inteiro para nós. E isso também assusta.
Saberíamos guardar o pão para a velhice? O Estado diz que consegue (ainda que as reformas sejam cada vez mais uma miragem, e cada vez mais insuficientes para aqueles que as têm).
Saberíamos poupar o pão para uma eventual doença intercorrente? O Estado é o"garante" da saúde "universal" (e, não se riam: "gratuita"!!), ainda que todos no meio saibamos, e até comecem a abundar exemplos, de como se consegue fazer melhor com menos.
A inveja que tenho deste empresário que agora desertou, deslocando-se para local mais civilizado, onde não lhe roubam tanto do fruto do seu trabalho e da sua boa gestão, para depois desperdiçarem o saque com uma corja de rotativos mamões. Eles, os mamões, esperneiam, mas sabem bem que são a causa dessa fuga, e só cá fica quem, como eu, não tem tanta certeza que o abandono do conforto do "país Natal" compense. No lugar dele teria seguramente feito o mesmo, só que há mais tempo, prometendo não voltar enquanto fossem os mesmos símios a mandar nisto (o que se arrisca a significar muito, muito tempo).
Somos ingleses em Nottingham, o xerife tira-nos tudo e não há Robin dos Bosques à vista, nem qualquer floresta de Sherwood a acalentar no seu seio alguma esperança de mudança futura.
Não há? Talvez haja. Talvez Robin seja Ron Paul, e talvez Sherwood seja esse país de boa inspiração no passado (que foram os EUA pré-colonialistas). Gosto de imaginar isto nestes tempos deprimentes, de ideias esclerosadas e sem ideais viáveis à vista.
Pouco Estado nas nossas vidas, ou Estado mínimo para garantia da propriedade privada, da segurança Interna e Externa, e da Justiça. E que resulta num regime de "Imposto Mínimo", a ser usado rigorosamente para aqueles fins (e, conceda-se, numas quantas alíneas sociais que importa assegurar, nem que seja para não dificultar ainda mais o desmame da "subsidio-dependência"), acabando-se as mamas para "decisores públicos" para tudo e mais alguma coisa, de "gestores públicos" de empresas insolventes, inviáveis e falidas, e dessa tacharia toda sem fim.
Não queremos Estado a dizer-nos o que podemos comer, o que podemos fazer nas nossas horas livres, o que devemos ver na televisão, nas ruas, nas salas de cinema ou no teatro.
Não queremos Estado a obrigar o nosso filho a estudar acolá, pelo simples facto de morarmos ali. Queremos pôr o nosso filho a estudar no sítio onde lhe proporcionam melhor educação, onde eles se sinta melhor e onde existam melhores condições de apoio aos pais na função educativa, de acordo com o NOSSO critério. E também não queremos que o Estado condicione professores e gestores escolares, nem que obriguem ao ensino disto ou daquilo porque assim alguém de duvidosa capacidade arbitrariamente decidiu, eles têm que poder orientar-se autonomamente, para depois nós decidirmos se optamos ou não pelo modelo que nos estão livremente a oferecer.
Este post não tem fim à vista mas tem mesmo que acabar, e Ron Paul não será presidente dos EUA, já sou demasiado velho para começar agora a acreditar no sobrenatural que seria tanta evolução no espaço de uma única geração. Mas a semente está aí, já tem raízes e vai crescer, até secar secar definitivamente o Keynesianismo reinante de uma vez por todas. Vai levar é algum tempo....
Mesmo que o senador chegasse a tornar-se numa ameaça, ele seria seguramente liquidado, pelo simples facto de haver demasiados interesses, e demasiado grandes e poderosos, na manutenção do status quo.
Talvez num amanhã se cante.
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