Se o Estado precisa de x milhões de euros para "equilibrar as suas contas" ou "honrar os seus compromissos" (ou, como alguns humoristas dizem, "as nossas" e "os meus", respectivamente...), e esse x equivale ao que vai roubar aos subsídios dos seus funcionários (sim, roubar, porque esses tinham um contrato que supostamente incluía esses subsídios, ainda que essa coisa de "contratos" seja algo entendido como "relativo", pelos vistos, e olhando para as supostamente mais altas instâncias deste país):
1) Como é que após 2012-2013 vai "equilibrar as suas contas" ou "honrar os seus compromissos"?
-Esse x vai deixar de ser necessário?
-Vai continuar a exigir o x (e a privar unilateralmente os subsídios aos seus funcionários)?
2) Porque não fazer cortes nas suas excessivas despesas? Não apenas em 2014, mas já? Sem ser, evidentemente, através da privação unilateral de um rendimento que fazia parte do acordado com as pessoas que para ele trabalham? É mais lícito faltar cobardemente ao acordado com todos, do que assumir que tem que abdicar justificadamente de alguns? Ainda que esses alguns sejam (desejavelmente) até muitos? É melhor desrespeitar todos os que são precisos e valiosos num conceito realístico e economicamente viável de "Deveres do Estado", só para não ofender uns quantos supérfluos ou excessivos do actual (que, como bem se vê, mesmo que tantos insistam desesperantemente no autismo, é insolvente)?
(PS/declaração de interesses: admito perfeitamente encontrar-me na lista destes últimos, numa perspectiva de privatização da saúde como alguns, com toda a legitimidade e as mais diversas razões, defendem, assim se assuma de uma vez por todas o que se entende como "papel do Estado", e se assegure a sua viabilidade em termos de preço que podemos pagar por ele)
Gostava finalmente de saber ainda quantas vezes x representa a despesa deste "Estado de alguns de nós" (que não eu). E quais são essas outras despesas (o tal múltiplo de x), das quais não se pode abdicar, que fazem com que seja imperioso que este Estado abusador tenha que retirar-nos o dito x.
Fugir aos impostos é crime (diz o Estado, em causa própria). Neste país, todos o sabemos, sempre foi bem tolerado. Mas dizem os ingénuos que está aí alguma espécie de raíz dos nossos males. Aos meus olhos, passa a ser definitivamente um dever cívico e um exercício de liberdade. Passarei a ver todo e qualquer cidadão (com "C" grande) que se propõe recusar passar-me uma factura como um herói solitário e contracorrente, cujos serviços passarei a frequentar assiduamente, sempre que deles precisar. E não apenas a frequentar, mas a elogiar, incentivar, defender e louvar!
Nem todos o podemos fazer? É bem verdade, mas paciência, lá pelo facto do Real Madrid não estar interessado em contratar-me por vários milhões de euros para as suas fileiras, não quer dizer que não aprecie ver o Cristiano Ronaldo a jogar por lá, e muito menos que julgue dever ser proibido, quer a sua emigração, quer o seu salário.
Para quando um "Ron Paulo" a liderar a nossa revolução? Por caridade, haja alguém inteligente e capaz, e que nos faça o favor (a uns quantos de nós, pelo menos) de se dignar a usar uma linguagem de verdade, não travestida para agradar e enganar saloios à cata de frigoríficos e microondas em troca de tacho forever para boys e girls da casual Partidocracia rotativa vigente.
Até lá, recomendo exercícios de relaxamento e muita vaselina. Vai ser bem preciso....
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