quinta-feira, 7 de julho de 2011

Delação ou Serviço Público?


Muito interessante o que se está a passar (e a escrever) por aqui.

Whisteblowing (um conceito novo para mim) ou bufaria?

Indo ao cerne do nosso subconsciente nessa matéria, a resposta é fácil: se a matéria em causa é verdadeira, gostamos e apoiamos todos; se for mentira, censuramos.

Mas a questão da denúncia pública em si, antes da averiguação da verossimilhança, não é pacífica.
Alguns acham que o crime que existirá em algumas instituições públicas justifica o risco de se colocar o bom nome de algum inocente em causa através do exercício de whisteblowing.
Outros dirão que o facto da bufaria poder ser caluniosa, desde logo inviabiliza o seu incentivo.

O que nos leva a concluir o seguinte: pesando os prós e os contra, qual é o peso relativo do crime/ilícito encoberto (mais ou menos grave, mas público porque perpetrado em instituições públicas) versus a calúnia (também pública) de um cidadão inocente?
O medo do segundo deve levar-nos a abdicar de apoiar a denúncia do primeiro?

Para isso, e cingindo-nos ao mundo da blogosfera (apesar de tudo, frequentado por alguma minoria elitista no que respeita o nosso país), poderíamos tentar avaliar as potenciais consequências nefastas reais de uma ou outra atitude.
E assim, por um lado alguém vítima de calúnia neste meio pode continuar a dormir tranquilo, uma vez que só o seu orgulho e honra ficam feridos, que são coisas que como bem vamos sabendo à medida que envelhecemos, só nos atrapalham, e que até convém nos habituarmos em meios globais e anónimos (e não nos relacionamentos pessoais, directos, onde me parece salutar) a relativizar (quer quando nos ferem a nós, quer quando pretendem ferir terceiros que nos são anónimos).
Poderia parecer portanto fácil a minha conclusão, mas isso só aconteceria se o mal do outro lado consistisse em abdicar-se de esclarecer e corrigir situações anómalas denunciadas, o que bem sabemos, também não acontece por estas bandas, em que convivemos com as irregularidades de forma comensal, quando não simbiótica, ainda que publicamente denunciadas. É exemplo disso aquela coisa de uma determinada prova "não ser lícita", apenas porque não consta de um manual desactualizado qualquer de um juíz (e por mais que "faça prova", como em várias escutas de má memória).

Ou seja, enquanto não somos consensuais nessa matéria, sugeria o seguinte: praticar o saudável (e cada vez mais útil) exercício de cagarmos de alto a calúnias infundadas sobre a nossa pessoa nestes meios globais e anónimos, e deixarmos de perder tempo a perseguir indivíduos que podem (ou não) estar a prestar um serviço público ao denunciar ilícitos, passando antes, quando dizem respeito a instituições do Estado, a estimular a averiguação da sua eventual veracidade, isto por parte dos elementos das respectivas instituições que deviam ser competentes para tal.

E assim, todos ficávamos satisfeitos.
Mas é verdade que requer treino....

2 comentários:

Professor Doutor disse...

Caro Placebo,

Apreciei as suas palavras e por muito que eu afirme a pés juntos que só digo a verdade e apenas a verdade, a minha palavra (ainda por cima anónima) vale o que vale... Mas como já tive oportunidade de referir, as minhas denúncias são do conhecimento geral - apenas lhes dou a força da palavra escrita.

Quanto à hipótese de denunciar as irregularidades em causa às entidades competentes... O problema é esse. Não há entidades verdadeiramente competentes para gerir uma situação destas. Será necessário recordar-lhe o caso do alumínio? Acha que o sancionado foi o verdadeiro responsável? Pois é...

Um abraço!

Pedro disse...

Olá.

Fiz um site de apoio ao estudo da anatomia para estudantes, e gostaria de divulga-lo aqui.

Anatomia Humana