Sim, é mesmo da série que se trata.
Passou-me completamente despercebida na altura em que seria actual, e vejo (ou vi-a) agora, ao longo dos últimos meses, ritmado pelo resto da minha vida, as 5 séries umas atrás das outras.
Devo ter ganho alguma coisa no encadeamento, sem as imposições que as televisões sempre impõem nessas coisas, com as suas alterações de horário, já para não falar no vazio entre séries.
Vi hoje o último episódio e... está lá tudo.
Vidas simples, com as enormes complicações mundanas que tanto nos apoquentam.
A banalidade da morte, episódio atrás de episódio, com a distância que o negócio da funerária impõe, e que acaba por tornar todo o processo automático, pitoresco, às vezes a raiar uma genuina comicidade de situação. Até ao doloroso dia em que a morte bate à porta, com todos os seus comoventes efeitos devastadores.
Até ao final, em que uma importante decisão de vida dilui-se ridiculamente na crua realidade do envelhecer, do sofrer, e do morrer.
É o pragmatismo da vida real, sem apelo nem agravo, sem contemplações.
Só não sabia era que alguém já o tinha conseguido, de forma tão genuina e bela, pôr em formato de série de tv.
Que se deve ver, como se de um longo filme se tratasse.
Então, what's the point, parecemos querer saber no final?
Olhem, a vida vale mesmo a pena por todas as pequenas grandes coisas. As que são sobejamente poetizadas (filhos, parceiros, amigos, família...), mas também por estas preciosidades que, aqui e ali, vamos podendo ter o privilégio de contemplar.
Coisas efémeras, afinal de contas? Talvez. Mas não interessa, é tudo o que podemos ter.
Faltam-me os adjectivos para definir "isto" que acabei de ver, mas entre o comovente e o doloroso haveria de encontrar a resposta a essa difícil pergunta. Morfina sensorial....
Não percam o privilégio de assistir, caros leitores, num dia desses....