domingo, 27 de dezembro de 2009

Multiplicar para Reinar

Como se vê por esse gráfico, não estamos, em média, assim tão mal de médicos. Com mais 10.000, ficamos igualados aos recordistas gregos.
A questão, que não se quer ver, e que (mais importante) ninguém vai querer ver, quanto mais resolver, não é de números per capita. Antes fosse. Formar médicos a granel, a partir do início da década, vai resolver o problema (e será que é um real problema?) da despesa que se tem com o salário dos médicos. A custo, claro, como tem qualquer liberalização de acesso a uma profissão (e temos vários precedentes no país), da qualidade. Mas isso não interessa discutir agora, antes que me comecem a acusar de corporativismo....
Os reais problemas são:
-1º: A gestão dos recursos de saúde; a auto-gestão, entenda-se: "carreiras", foi desastrosa, e culpada de abusos corporativos diversos no passado; a infantil "liberalização" que se lhe seguiu, associada a uma relativa falta (ou inexistência de excesso) de médicos, levou a uma inflação dos serviços e a uma "mercenarização" de vários profissionais, que passaram, por troca com a perda de regalias que dantes usufruiam no sistema público, a exigir compensações financeiras disparatadas, que por falta de alternativas em meios humanos lá acabaram por ir sendo satisfeitas, em maior ou menor grau. Estratégia (des)governativa desastrosa, está-se a ver, cujo preço ainda estamos a pagar todos.
-2º: A questão geográfica. Uma falsa questão. Não há maior carência de médicos no interior que no litoral; estão é igualmente mal geridos, e no litoral há mais alternativas, e mais meios, pelo simples facto de estarem lá, em termos absolutos, em maior número (ainda que, per capita, a diferença não seja assim tão escandalosa, excepto em algumas regiões de excepção).
-3º: A questão da Especialização. Essa sim, uma verdadeira questão. Há médicos a mais em certas especialidades, e a menos noutras; não se rentabilizam as especialidades mais povoadas com competências específicas, antes fazendo destas património restrito de certas quintinhas; há especialidades "inúteis" (Endocrinologia; Reumatologia; Infecciologia...); há especialidades desmotivantes (Medicina Familiar); há especialidades técnicas que se "desperdiçam" em actividades assistenciais (Gastrenterologia; Cardiologia; Pneumologia; ...); as especialidades assistenciais "desperdiçam-se" em actividades burocráticas e de secretariado, e/ou desgastam-se em trabalho de sapa indiferenciado nas Urgências (Medicina Interna; Pediatria; Cirurgia Geral; Ortopedia; ...).
Mas isso, por outro lado, é complicado de resolver. Seria preciso uma "estratégia". E as estratégias, as boas, as verdadeiras, não são apanágio do nosso rotativo estado "à deux", politizadinho, amante de tachos e, acima de tudo, incapaz.
E não vou contestar (ou só contestarei depois de ver) esta política, que tem a vantagem de ser simples, logo aplicável, e que se calhar no objectivo final (em termos de resolução do problema) está certa, ainda que mal dirigida (ou "pouco cirúrgica", se preferirem): se formos muitos, e baratos, eventualmente as coisas melhorarão.
Duvido é que, mesmo assim, fiquem boas....

Salvar Vidas

Foi coisa que nunca fiz, apesar das múltiplas acusações ao longo dos anos.
Não é para deprimir ninguém, mas limito-me a adiar mortes, que é uma coisa bem diferente, e bem mais pedagógica de se ter em conta, nesses precisos termos. Eu, e todos os outros como eu (o que exclui da definição, não só os "alternativos", como também todos os experts em Saúde Pública da Medicina Moderna de todo o mundo desenvolvido ou em vias de tal, e os que a estes se rendem de forma acrítica, ou seja, 99% da população em geral, com os profissionais de saúde à cabeça...).
Feliz Natal (não confundir com essa ruinosa coisa consumista que nos infesta, e transforma em zombies psicóticos a vaguear sazonalmente em patéticas manadas nas estradas e centros comerciais por esse país fora), e "Boas Entradas", outra coisa que gostava que me explicassem o que raio quer dizer.... Deve ser por exemplo: os desejos que "a" doença que vos há de afligir (e/ou matar) não surja nos 364 dias seguintes àquele em particular. Podia ser outro dia qualquer, e outro intervalo de tempo, mas pronto, presumo que haja a necessidade para muitos de definir critérios....
Já o diziam num bom filme, tudo o que de inteligente se pode recomendar resume-se a: Carpe Diem. Por isso vivam lá a vossa vida, bem, e não se preocupem tanto com a morte e/ou a doença crónica que há de vir (e que não é passível de se "prevenir"), seguramente má e em má hora, que eu também me vou esforçar para fazer disso, todos os dias, a minha "religião".
Os votos de um excelente domingo 27 de Dezembro!