quinta-feira, 27 de dezembro de 2007
Dói-me Tudo
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
Hipocrisias "Reumatológicas"
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
Egopatia
terça-feira, 11 de dezembro de 2007
Palavra de Bastonário
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
Isto Sim, Chateia-Me!
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
Recuerdos de um ORL do Norte
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
A Experiência
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
domingo, 11 de novembro de 2007
Legados
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
Consulta-Expresso
terça-feira, 6 de novembro de 2007
Síndroma Gripal
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
Papeis Trocados
sexta-feira, 2 de novembro de 2007
Paternidades
quarta-feira, 17 de outubro de 2007
Morte Certa
quarta-feira, 10 de outubro de 2007
Sentidos da Longevidade
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
Consciências
terça-feira, 25 de setembro de 2007
Desabafo 2
Acho que estou perto de criar uma nova superstição pessoal. Esta está relacionada com os doentes cujos familiares obrigam os bolsos das lapelas das nossas batas a engolir indigestas notas. Acontece que no contexto do estudo que foi feito a propósito do dito síndroma febril se descobriu um cancro no rim... Doravante só usarei batas sem bolsos.
Desabafo 1
Vivi há tempos uma das mais deprimentes experiências com familiares de doentes. Tive um doente internado com um síndroma febril indeterminado a quem se colocou a hipótese diagnóstica de endocardite. Após explicar à família que isto poderia justificar quer a anemia, quer a febre que ele carregava aos ombros há cerca de mês e meio, quer o estado consumptivo “que o tem deixado só pele e osso” – diz a esposa – encontrei-me subitamente actor num quadro verdadeiramente surreal. A esposa do doente abre pronta e determinadamente a carteira de onde, em décimos de segundo, saltou uma nota de 20 euros. Enquanto balbuciava uns atrapalhadíssimos “não, não, deixe estar, não é preciso...” e esbracejava freneticamente como se, sem saber nadar, tivesse caído no meio do oceano, tentando defender-me da mão portadora da nota que avançava ameaçadora, a esposa continuou determinada, impingindo-me a nota pelo bolso da lapela da bata adentro. Simultaneamente pediu-me “ tome-me lá conta do homem...”.
Senti-me algo que não sei definir, mas que se situa em terra de ninguém, algures entre a vítima de suborno e a puta de esquina. Não tenho dúvidas dos bons intentos da senhora. Interpretei o gesto como sinal de gratidão por se ter chegado a um diagnóstico e talvez pelo modo empático como lhe expliquei a situação do marido. Apesar disso, esta interpretação não me alivia o mau estar... Aquela nota queima-me as mãos.
segunda-feira, 13 de agosto de 2007
A Metamorfose
quarta-feira, 25 de julho de 2007
domingo, 22 de julho de 2007
quinta-feira, 19 de julho de 2007
Os Inabaláveis
Reforços!
Armas silenciosas para guerras tranquilas - estratégias de programação da sociedade
1- A estratégia da diversão
Elemento primordial do controlo social, a estratégia da diversão consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e da mutações decididas pelas elites políticas e económicas, graças a um dilúvio contínuo de distracções e informações insignificantes.
"Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por assuntos sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar, voltado para a manjedoura com os outros animais".
2- Criar problemas, depois oferecer soluções
Este método também é denominado "problema-reacção-solução". Primeiro cria-se um problema, uma "situação" destinada a suscitar uma certa reacção do público, a fim de que seja ele próprio a exigir as medidas que se deseja fazê-lo aceitar. Exemplo: deixar desenvolver-se a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público passe a reivindicar leis securitárias em detrimento da liberdade. Ou ainda: criar uma crise económica para fazer como um mal necessário o recuo dos direitos sociais e desmantelamento dos serviços públicos.
3- A estratégia do esbatimento
Para fazer aceitar uma medida inaceitável, basta aplicá-la progressivamente, de forma gradual, ao longo de 10 anos. Desemprego maciço, precariedade, flexibilidade, deslocalizações, salários que já não asseguram um rendimento decente, tantas mudanças que teriam provocado uma revolução se houvessem sido aplicadas brutalmente.
4- A estratégia do diferimento
Outro modo de fazer aceitar uma decisão impopular é apresentá-la como "dolorosa mas necessária", obtendo o acordo do público no presente para uma aplicação no futuro. É sempre mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro porque a dor não será sofrida de repente. Segundo, porque o público tem sempre a tendência de esperar ingenuamente que "tudo irá melhor amanhã" e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Finalmente, porque isto dá tempo ao público para se habituar à ideia da mudança e aceitá-la com resignação quando chegar o momento.
5- Dirigir-se ao público como se fossem crianças pequenas
A maior parte das publicidades destinadas ao grande público utilizam um discurso, argumentos, personagens e um tom particularmente infantilizadores, muitas vezes próximos do debilitante, como se o espectador fosse uma criança pequena ou um débil mental. Quanto mais se procura enganar o espectador, mais se adopta um tom infantilizante.
"Se se dirige a uma pessoa como ela tivesse 12 anos de idade, então, devido à sugestibilidade, ela terá, com uma certa probabilidade, uma resposta ou uma reacção tão destituída de sentido crítico como aquela de uma pessoa de 12 anos".
6- Apelar antes ao emocional do que à reflexão
Apelar ao emocional é uma técnica clássica para fazer curto-circuito à análise racional e, portanto, ao sentido crítico dos indivíduos. Além disso, a utilização do registo emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para ali implantar ideias, desejos, medos, pulsões ou comportamentos...
7- Manter o público na ignorância e no disparate
Actuar de modo a que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para o seu controle e a sua escravidão.
"A qualidade da educação dada às classes inferiores deve ser da espécie mais pobre, de tal modo que o fosso da ignorância que isola as classes inferiores das classes superiores seja e permaneça incompreensível pelas classes inferiores".
8- Encorajar o público a comprazer-se na mediocridade
Encorajar o público a considerar bom o facto de ser idiota, vulgar e inculto...
9- Substituir a revolta pela culpabilidade
Fazer crer ao indivíduo que ele é o único responsável pela sua infelicidade, devido à insuficiência da sua inteligência, das suas capacidades ou dos seus esforços. Assim, ao invés de se revoltar contra o sistema económico, o indivíduo desvaloriza-se e culpabiliza-se, criando um estado depressivo que tem como um dos efeitos a inibição da acção. E sem acção, não há revolução!...
10- Conhecer os indivíduos melhor do que eles se conhecem a si próprios
No decurso dos últimos 50 anos, os progressos fulgurantes da ciência cavaram um fosso crescente entre os conhecimentos do público e aqueles possuídos e utilizados pelas elites dirigentes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o "sistema" chegou a um conhecimento avançado do ser humano, tanto física como psicologicamente. O sistema chegou a conhecer melhor o indivíduo médio do que este se conhece a si próprio, permitindo deter um maior controlo e um maior poder sobre os indivíduos.
Cepticemia
Um artigo publicado em Dezembro de 2003 no jornal britânico Guardian refere que centenas de artigos publicados em jornais médicos são escritos por autores fantasma e assinados por médicos ou académicos, preferencialmente conhecidos e com capacidade de influenciarem opiniões, a soldo das companhias farmacêuticas. Tendo essas publicações forte influência nos hábitos de prescrição e nos tratamentos providenciados pelos hospitais, há assim repercussão directa no lucro daquelas.
Esse estudo estima que cerca de metade dos artigos dessas publicações seja escrito por autores fantasma. Esta prática atinge até bíblias médicas como o New England Journal of Medicine, o British Medical Journal e a Lancet, sendo praticada por importantes companhias como a AstraZeneca e a Pfizer. O Dr. Richard Smith, editor do British Journal of Medicine, admitiu que esta prática é um problema grave, dizendo que são enganados pelas companhias farmacêuticas. “Os artigos chegam com o nome de médicos, descobrindo-se com frequência que alguns deles têm pouca ou não têm ideia do que escreveram”.
A deificada medicina baseada na evidência tem muito que se lhe diga, não é? A evidência é como a verdade: pode ter tantas cores e ângulos quantos os olhos que a vêem.